3 DE MAIO, ÀS 15:00, NA BIBLIOTECA MUNICIPAL DE SESIMBRA, COM ANTÓNIO CARLOS CARVALHO, MIGUEL REAL, ANTÓNIO REIS MARQUES, PEDRO MARTINS, DANIEL PIRES, MOISÉS ESPÍRITO SANTO E RUY VENTURA: PRIMEIRA TARDE TÉLMICA COMEMORA ANIVERSÁRIO DE ANTÓNIO TELMO
Sesimbra, o Centro do Mundo! E porquê? E como? Interrompeu o Agostinho da Silva, uma espécie de flagelo de Deus pela ideia como Atila o foi pelas patas do cavalo, para dizer que o facto de uns porem o Paraíso, o tal Centro do Mundo, em Brasília, outros na Califórnia, outros em Sesimbra, somente significa que o lugar onde se não morre está por toda a parte, por toda a parte onde haja homens que, pensando e imaginando, desceram tão profundamente dentro de si próprios que tocaram aquele ponto do espírito para o qual convergem por infinitos raios as várias esferas que definem a actividade dos outros homens.
António Telmo, in Sesimbra, o lugar onde se não morre
Soaria presunçoso dizer que Agostinho queria estar perto de Telmo, com quem, em Brasília, empregara longas horas caminhantes em conversas excelentes. Seria esta, de resto, uma afirmação algo pressurosa, pois Maria Violante, segundo parece, já muito antes se prendera de encantos pelas vistas e pelos ares sesimbrenses. Mas, salvo o hiato breve de um ano bem contado, resulta inegável que da capital do Brasil para a da Arrábida não há visível solução de continuidade no convívio.
Pedro Martins, in Agostinho da Silva em Sesimbra
O vale de Sesimbra, entre o morro do castelo e o facho de Santana, é pois o eixo central de todo o território arrábido. Só no século XVI a mudança da povoação para a “Ribeira”, com consequente fundação de nova paróquia na década de 1530, parece ter deslocado aquilo que, provavelmente, práticas geomânticas de marcação do terreno ou de observação do espaço haviam distinguido/sacralizado há muito num alinhamento. Sem que algo se tenha perdido. Pelo contrário, creio ter acontecido um enriquecimento.
Ruy Ventura, in O Eixo e a Árvore: notas sobre a sacralização do território arrábido
Residentes na Biblioteca Municipal de Sesimbra, as TARDES TÉLMICAS deste ano têm o seu início em 3 de Maio, às 15:00, um dia depois do aniversário de António Telmo, efeméride que será assinalada, no começo da sessão, mediante uma evocação do filósofo, por António Carlos Carvalho, que dará igualmente a conhecer, apresentando-o aos presentes, o projecto António Telmo. Vida e Obra. Depois, haverá lugar à apresentação de dois novos livros, onde António Telmo também está presente: Agostinho da Silva em Sesimbra, de Pedro Martins e António Reis Marques, por Miguel Real, e O Eixo e a Árvore: notas sobre a sacralização do território arrábido, por Moisés Espírito Santo. As TARDES TÉLMICAS 2014 prolongam-se até 13 de Dezembro.