INÉDITOS. 96
ANTÓNIO TELMO, DEZ ANOS DEPOIS
O esplendor de uma síntese[1]
Um estudo de Filosofia Portuguesa demonstrando-a pelas três tradições que a constituem – a judaica, a cristã e a islâmica –, não pode ser a apologética de uma delas, como o fez Pinharanda Gomes, mas deve ser, dentro do caminho apontado por Álvaro Ribeiro, a procura do esplendor de uma síntese. Demonstrar que as três revelações sucessivas, através de Moisés, Jesus Cristo e Maomé, que se exprimem pelo Antigo Testamento, pelo Novo Testamento e pelo Corão são uma só Revelação tal é aquilo que a filosofia portuguesa se propõe e que, segundo Álvaro Ribeiro, só ela está em condições de levar a cabo.
A filosofia portuguesa constitui, em relação às filosofias dos outros povos, um caso singular, com paralelo apenas na filosofia espanhola, porque nascerá da situação existencial do cristão-novo. A Inquisição, ao produzir o aparecimento na história espiritual da humanidade do cristão-novo parece poder interrogar-se, dentro do plano do Grande Arquitecto ou, em termos religiosos, da Providência, como um momento decisivo e necessário para que o esplendor do pensamento prepare a vinda do Paracleto.
António Telmo