FOTOS COM HISTÓRIA(S). 06

27-08-2015 20:32

Manuel Victorino esteve esta semana em Almeida e fez-nos chegar algumas fotografias da casa onde seu pai nasceu, o que muito lhe agradecemos. A oportunidade permite-nos igualmente revelar alguns dados novos sobre os primeiros anos da vida do autor de História Secreta de Portugal, em particular na sua relação com a terra natal, num trabalho de investigação de Pedro Martins e Risoleta Pinto Pedro, que preparam presentemente uma biografia de António Telmo.     

A CASA ONDE ANTÓNIO TELMO NASCEU

 

Délivrance

Está em festa o lar do nosso querido Director, pelo nascimento dum pequenito.

Tanto o pequerrucho como sua mãe D. Maria Cândida Carvalho dos Santos Victorino, encontram-se bem.

Parabéns.”

 

Na sua edição de 10 de Maio de 1927, o jornal O Almeidense noticiava deste modo o nascimento de António Telmo. O futuro filósofo vira a luz do mundo, pela primeira vez, em 2 desse mês, em Almeida, na Rua do Convento, na casa que as fotografias agora nos mostram.

António Telmo partiu para África, com a família, ao que tudo indica, em 1929. O filósofo afirmava que esteve em Moçâmedes, onde seu pai dirigiu a agência local do Banco Nacional Ultramarino, entre os dois e os seis anos. Há aqui uma ligeira imprecisão, absolutamente compreensível, pois é ainda com a idade de cinco anos que Telmo regressa à Metrópole. Uma outra notícia, de O Almeidense de 18 de Novembro de 1932, revela-se, a este respeito, inequívoca: 

 

“De África, onde passou perto de quatro anos na gerência do Banco de Angola, em Mossâmedes, regressou de licença, o nosso querido amigo e antigo director de «O Almeidense», sr. Dr. António Diniz Victorino, acompanhado de sua esposa e gentis filhos.

Para o antigo director e prezado camarada, acompanhando as nossas saudações de boas vindas, vai um grande abraço de «O Almeidense», sinceríssimo, cheio de calor, para quem com tanto valor, como o Dr. António Victorino, soube dar vida e fé a este periódico, que já hoje completa 7 anos de existência.” 

 

É, pois, também possível que Telmo não tivesse ainda completado dois anos quando partiu para África, atenta a referência do articulista ao período de perto de quatro anos que durou a comissão de serviço de seu pai. Certo é que no ano seguinte voltará à terra natal, segundo se conclui pela leitura de O Almeidense de 12 de Setembro de 1933: 

 

“Para Lisboa, acompanhada de seus filhinhos, seguiu a Sr.ª D. Cândida Victorino.” 

 

E em 1934, ano da morte de seu avô materno, Joaquim Carvalho dos Santos, a cujo funeral assistiu, António Telmo esteve de novo em Almeida

Depois disso, o filósofo não regressou, se não episodicamente, à terra que lhe foi berço. Outros caminhos o chamariam...