CORRESPONDÊNCIA. 75

23-09-2025 13:14

Carta de António Telmo para Francisco Soares, de 26 de Dezembro de 1995

 

Estremoz, 26 de Dezembro de 1995

 

Meu caro Amigo

 

É-me grato acusar a recepção do seu livro[1] e dar notícia da minha sua leitura na quadra do Natal, pois assim posso desejar-lhe as maiores felicidades materiais e intelectuais para o ano de 1996, e fazer votos que tão bela reflexão sobre a Monarquia encontre leitores tão atentos e dedicados como eu e obtenha a ressonância que o seu valor merece.

Dizia Álvaro Ribeiro que pensar consiste em pesar as palavras, de modo a que a filologia se torne aventurosamente filosofia. O seu texto é o perfeito exemplo disso. A Pátria em exílio ressurge em escritos como o seu.

Tenciono fazer outras leituras. Não calcula como fico contente por ver que homens como o Francisco Soares, o António Cândido Franco ou o Paulo Borges, erguendo a alma ao espírito, forcejam por criar uma escola de Filosofia Portuguesa num meio que lhe é radicalmente adverso.

Vamos ver se, em breve, o vou visitar a Évora-Monte.

Até lá, um abraço do

 

António Telmo

 



[1] Fábula da Captação do Elemento Desvairado, Lisboa: Átrio, 1995.