COM TRANSCRIÇÃO E ANOTAÇÃO DE PEDRO MARTINS, RENATO EPIFÂNIO E RUI LOPO: CORRESPONDÊNCIA DE AGOSTINHO DA SILVA PARA ANTÓNIO TELMO
12.10.68
Compadre Amigo
Aqui estou com sua carta de 8 e as boas notícias da viagem e da casa; oxalá as circunstâncias exteriores me permitam utilizar o quarto compadral; mas não estou muito inclinado a que seja breve. Quando eu for, já Anahí estará falando também um formoso castelhano, com suas entonações andaluzas. Para o hotel foram duas cartas, mas é provável que tivesse pegado alguma antes de sua ida a Portugal. Já escrevi a Moura pedindo que mandasse a lista do material que precisa, a ver se realmente montamos ali uma sede portuguesa do Centro; os Estatutos da célebre Universidade de Brasília ainda não foram aprovados, nem se sabe quando o serão, de modo que o Centro tem mais um tempo para lutar por sua existência. Quanto ao dos Clássicos, dificilmente se sairá daquele ambiente; pode ser que um dia se consiga, de fora, única possibilidade, criar alguma coisa ocupada de Grécia e Roma, que se chame a colaborar gente de lá; talvez isso dê certo.
Agostinho da Silva
No seu próximo número, a sair no primeiro semestre deste ano, a revista NOVA ÁGUIA publicará a correspondência de Agostinho da Silva para António Telmo, num conjunto de cerca de meia centena de cartas, situadas entre 1968 e o final da década de 80, onde se incluem, pela sua especial relevância para a caracterização da relação entre os dois filósofos, algumas missivas para a afilhada do autor de Reflexão, Anahi Braia Vitorino, filha de António Telmo. A transcrição e a anotação das cartas é feita por Pedro Martins e Rui Lopo, autores do projecto António Telmo. Vida e Obra, conjuntamente com Renato Epifânio, director da NOVA ÁGUIA.