EDITORIAL. 08

14-10-2016 23:50

Uma alegre inquietação

 

A poucas horas do início do Colóquio “A Literatura de Agostinho da Silva”, que amanhã terá lugar no Auditório do Centro de Estudos Culturais e de Acção Social Raio de Luz, não pode o Projecto António Telmo. Vida e Obra deixar de se regozijar com toda a actividade que, ao longo do ano em curso, tem desenvolvido em parceria com aquela associação, no âmbito do GEAS – Gabinete de Estudos Agostinho da Silva.

Criado há apenas dez meses, o GEAS já contribuiu para fazer sair a lume três livros de agostiniana desde Maio: A Liberdade Guiando o Povo – Uma Aproximação a Agostinho da Silva, de Pedro Martins, com prefácio de Miguel Real; Agostinho da Silva – A Última Entrevista de Imprensa, de Pedro Martins, António Ladeira e José Pedro Guerreiro Xavier, com prefácio de António Cândido Franco e posfácio de João Ferreira e coordenação editorial de António Ladeira, Pedro Martins e Rui Lopo; e A Literatura de Agostinho da Silva, essa alegre inquietação, de Risoleta C. Pinto Pedro, com prefácio de Helena Briosa e Mota. Todos estes títulos saíram sequencialmente na Colecção Nova Águia, com a chancela da editora Zéfiro, e são o fruto do labor de uma equipa dedicada e entusiasta.

O colóquio de amanhã, disso estamos certos, dará continuidade à renovação dos estudos agostinianos que, desde 2014, vem sendo assumida como um desígnio importante deste Projecto, e aqui convirá lembrar que, em Novembro desse ano, a Biblioteca Nacional de Portugal acolheu no seu auditório, à guisa de homenagem a Agostinho no 20.º aniversário da sua partida, a apresentação dos livros Agostinho da Silva em Sesimbra e Cartas de Agostinho da Silva para António Telmo. Em dois anos e meio, o PAT.VO e o GEAS contribuíram para a aparição de cinco novos livros no universo agostiniano, num ritmo médio quase semestral, sem contar com as sessões dedicadas à apresentação de outros livros, como são os casos dos de António Cândido Franco e Luís Carlos dos Santos. O nosso mapa vai do Porto ao Redondo, passando por Coimbra, Sintra, Lisboa, Almada, Sesimbra, Setúbal, Évora e Estremoz.

A página mensal do GEAS no jornal Raio de Luz, a George, alcança o oitavo número e tem já a sua programação definida até ao final do ano em curso. Deste modo, proporciona-se a (re)descoberta de Agostinho a milhares de leitores e contribui-se para a formação de novos públicos no âmbito daquele a quem o jornal chega.

O ano de 2015 e o começo do que está em curso, com a realização dos ciclos Agostinho Revisitado – Novas Aproximações em Sesimbra (Sampaio) e em Almada (Feijó), traduziram-se numa acentuação do novo paradigma. A renovação dos estudos agostinianos passa muito pela frescura do olhar que se projecte sobre a obra do portuense ilustre, seja com gente nova, ou com gente que chega de novo, seja pela escolha de territórios pouco explorados, seja pela adopção de novas perspectivas, como a da incidência temática preconizada para o colóquio de amanhã, de modo a privilegiar o aprofundamento em detrimento da extensão dispersiva que, não raro, conduz à superficialidade.

Seria bom que a este renovo dos estudos agostinianos correspondesse, entretanto, um ressurgimento do cânone agostiniano nas livrarias de Portugal. Mas a corpo inteiro – devolvendo aos escaparates o que deles há muito misteriosamente desapareceu: os livros do filósofo português de maior notoriedade. À apagada tristeza saibamos responder com uma alegre inquietação.