24 DE JUNHO, NA CASA DO FAUNO, EM SINTRA: LANÇAMENTO DE «O HORÓSCOPO DE PORTUGAL E ESCRITOS AFINS», VOLUME VII DAS OBRAS COMPLETAS DE ANTÓNIO TELMO

21-05-2017 17:20

ACTUALIZADO

A data é extraordinariamente singular. Dia 24 de Junho: dia de São João Baptista, dia da Batalha de São Mamede (1128) e dia da criação da Grande Loja de Inglaterra (1717). Será também o dia do lançamento de O Horóscopo de Portugal e escritos afins, Volume VII das Obras Completas de António Telmo, em curso de publicação na Zéfiro, com o apoio institucional e científico do nosso Projecto.

A sessão terá lugar na Casa do Fauno, em Sintra, a partir das 16:00, e a apresentação da obra estará a cargo de António Carlos Carvalho e de Rui Arimateia.

A esta nova edição de O Horóscopo de Portugal, que surge vinte anos após a edição princeps e será prefaciada por Eduardo Aroso, acrescem alguns escritos e epistolários (cartas de António Carlos Carvalho e de Ernâni Roque para António Telmo) contemporâneos da História Secreta de Portugal.

Em pré-publicação, publicamos hoje um excerto do prefácio de Eduardo Aroso.

 

 

 

«Muito embora seja clara a existência de uma tradição astrológica entre nós, no espaço ibérico ainda antes da fundação de Portugal, depois em ambiente cortesão onde nas bibliotecas não faltavam livros de astrologia, pelas referências aos astros na vida de monarcas, registadas por cronistas, até à sua proliferação em meios populares (de onde verdadeiramente nunca se afastou, amiúde em simbiose com outras práticas), não encontramos, via de regra, a discussão do tema no seio do que se tem denominado corrente da filosofia portuguesa ou pensamento português. Se esporadicamente isso aconteceu – e há quem o tenha afirmado – tem-no sido de um modo dir-se-ia subterrâneo, não passando a letra de forma para constituir matéria documentável suficiente, impossibilitando assim averiguar o que nesta disciplina arcana encontram aqueles que prezam o «pensamento que pensa», e não o pensamento automático que rejeita a priori aprofundar e averiguar. Ao mesmo tempo que espíritos lúcidos, incontestavelmente relevantes, de um modo mais ou menos solitário, e em diversos tipos de abordagens, têm sido atraídos à astrologia, ela tem enfrentado a recusa em meios culturais institucionais como tema não grato, seja pelo que possa gravitar à volta de crendices ou mesmo ideias “demoníacas”. Escapa assim ao escopo académico-científico que, à partida, limita as suas proposições. Tudo isto talvez pelo que na astrologia se cruza: questões de sempre como livre-arbítrio e destino. Recusa também pela força influente (com “efeitos secundários” em meios culturais e académicos) de certa doutrina religiosa que tem deixado fluir uma antipatia clara no que diz respeito a essas linhas essenciais já apontadas: livre-arbítrio e destino. Como podemos verificar mais adiante, António Telmo constitui uma das raras excepções que entre os pensadores do século XX ousou tomar a astrologia, quiçá na esteira da expressão pessoana tudo é verdade e caminho.»